01 de Dezembro de 2024 - Cidade de Nova Iorque.
Southgate Boulevard |
Naquela noite, como tantas outras, Junior estava na sala de estar, tentando focar nos treinos de luta que o levariam ao The Ultimate Fighter America. Mas sua mente insistia em desviar para Aline, que estava no quarto ao lado, debruçada sobre mais um livro de cálculo. Ele suspirou, sentindo o peso da indecisão de Aline sobre seus sentimentos, algo que ele tentava ignorar, mas que estava sempre presente.
Quando o silêncio se prolongou, Junior se levantou e caminhou até o quarto de Aline. Encontrou-a dormindo sobre a escrivaninha, os cabelos espalhados pelos livros abertos, o rosto descansando suavemente sobre as páginas. Aproximou-se com cuidado, sabendo que aquele era o único momento em que podia estar tão próximo dela sem a barreira dos estudos ou da indecisão.
Com gentileza, passou o braço por baixo dos ombros dela e a ergueu. Aline murmurou algo inaudível, mas não acordou. Ele sorriu, sentindo o aroma de morango que vinha dos cabelos dela, o calor suave de sua pele. Caminhou até o quarto e a deitou na cama, cobrindo-a com o cobertor.
Antes de sair, ele ficou parado à porta, olhando para ela adormecida. Pensou em todas as vezes que havia imaginado estar ao lado dela assim, mas sempre se frustrava ao perceber que, mesmo morando juntos, Aline parecia distante, mais interessada nos livros do que nele. Para piorar, ela sempre acordava cedo, bem antes dele, pois pegava um trem para Haven, para chegar ao campus da Univeristy of Yale. Ele sorriu ao perceber que o dia seguinte, um sábado seria diferente.
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— Bom dia, Junior — disse ela, pegando uma caneca. — Obrigada por me colocar na cama ontem à noite... de novo.
— Não foi nada — respondeu ele, sem tirar os olhos da cafeteira. — Você parece estar estudando muito ultimamente. Não tem tido tempo para mais nada.
Aline deu um meio sorriso, sentando-se à mesa com o café em mãos.
— Sabe como é... A faculdade aqui é muito exigente. Tenho que dar o meu melhor. E, sinceramente, eu gosto de estudar. Gosto de sentir que estou aprendendo, crescendo.
Junior a olhou nos olhos, sentindo que aquela era sua chance de expressar o que estava em sua mente.
— Eu entendo, Aline. Mas... será que todo esse estudo não está te afastando do resto? Das pessoas ao seu redor?
Ela franziu a testa, tentando entender onde ele queria chegar.
— Do que você está falando, Junior?
Ele suspirou, tomando coragem para continuar.
— Eu vim para cá com você porque... queria estar ao seu lado, queria que a gente pudesse se conhecer melhor, talvez até... ser algo mais. Mas você está sempre tão focada nos livros que sinto que, mesmo morando juntos, estou mais longe de você do que antes.
Aline ficou em silêncio por um momento, os olhos fixos na xícara de café. Ela sempre soube dos sentimentos de Junior, mas nunca teve certeza de como se sentia em relação a ele. Ele era bonito, um bom rapaz, sempre a apoiava, mas... será que ela gostava dele?
— Junior, eu... — começou ela, hesitante. — Eu aprecio tudo o que você faz por mim, de verdade. Mas... eu não sei se estou pronta para algo mais. Tenho tantas coisas em mente, tantos sonhos e objetivos... E, honestamente, não sei se tenho espaço para mais alguma coisa agora.
Junior assentiu lentamente, tentando esconder a decepção.
— Eu entendo, Aline. Não quero te pressionar. Só queria que você soubesse como eu me sinto. Vou continuar ao seu lado, como sempre. Só... não quero que você me veja apenas como o colega de casa. Quero ser mais do que isso.
Aline olhou para ele, tocando sua mão suavemente.
— Você já é mais do que isso, Junior. Eu só preciso de tempo para descobrir exatamente o que sinto, para entender onde isso tudo pode nos levar. Espero que você possa ser paciente comigo.
Ele sorriu, um sorriso triste, mas sincero.
— Eu serei, Aline. Sempre serei.
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