domingo, 8 de março de 2020

GURPS - Um sistema genérico quase ilimitado.



GURPS – Generic and Universal Role Play System – é o Sistema de RPG genérico mais conhecido no Brasil (Ou pelo menos costumava ser). Publicado originalmente pela Devir, o sistema fez enorme sucesso na década de 90 e até durante meados da década de 2000. Do advento do 3D&T (Outro sistema genérico) para cá, por razões que aqui não convém citar e que estão relacionadas aos mecanismos de divulgação do mesmo por uma revista especializada, GURPS foi cada vez mais caindo no ostracismo.

Como todo sistema genérico, sempre me questionei quais eram os limites de GURPS? Quase todo gênero ele consegue reproduzir bem, do medieval ao futurista, do contemporâneo ao velho oeste. Gêneros históricos. Gêneros fantásticos. Já vi até adaptações de GURPS para corrida e futebol. Seria GURPS ilimitado? Eu diria que não. Quem já jogou GURPS Supers percebe que apesar de ter regras bem concisas, ele tem uma mecânica um pouco mais complicada em relação aos outros gêneros que GURPS emula. Tanto que, frequentemente, dependendo do nível heroico com o qual os jogadores quem lidar, muitos recomendam procurar 3D&T ao invés de GURPS. Jogos de super heróis de tipo urbano como Demolidor e Homem-Aranha podem ser fantasticamente bem emulados com GURPS, mas quando a coisa chega a um certo nível de poder, as coisas ficam complicadas. Imagine emular Dragon Ball Z com GURPS? Tem como? Até tem, mas não sei se a mecânica do jogo iria fluir tão redondinha. Para exemplificar: No suplemento GURPS High Tech, a little boy, a bomba que explodiu em Hiroshima teria 10000 d6 de dano. Aí lhe pergunto: Qual seria o nível de poder de um personagem fraco como Piccollo que destruiu a lua com um raio de energia? É claro que se poderia usar notação científica e considerar que um dano 12 na verdade é 12x10²³, mas aí você perde completamente as pessoas comuns da aventura, e muitas vezes, histórias Supers tem muitos personagens comuns, como o Batman por exemplo.

Enfim, os limites de GURPS na emulação (e eu digo emulação eficiente) são os limites da verossimilhança. GURPS é um sistema simulacionista e graças a isso, você tem a mais fiel representação em termos rpgísticos de um combate real. Como o sistema é extremamente lógico, aventuras que fogem enormemente da lógica acabam ficando comprometidas. Isso constitui um defeito do sistema? Não e eu explico: Todo sistema é limitado de alguma forma. Vide o já citado 3D&T, ele é precisamente o anti-Gurps. Ele é genérico para supers, mas é praticamente inviável jogar uma campanha histórica nele, dado que com atributos todos 0 você é um ser humano comum e com atributos todos 1 você já é o ser humano mais extraordinário que já existiu, tendo a força do homem mais forte do mundo, a destreza e agilidade de um ginasta, a saúde perfeita, sua pele é resistente a ponto de não ser afetado por ataques perfurantes e cortantes leves e é capaz de disparar raios da mão com o poder de destruição de uma pistola (F1, H1, R1, A1, PdF1).

Se você parar para pensar que não existe um sistema perfeito e que todos têm limitações, então perceberá que GURPS é talvez o sistema mais completo que existe, dado que ele pode emular quase tudo e mesmo onde ele não emula bem, ainda possui regras jogáveis (embora eu as considere entendiantes para um jogo). E embora o sistema seja quase anônimo no mercado americano e basicamente é um produto da SJG que cada ano que passa perde importância no catálogo da empresa;  no mercado nacional, eu não conheço nenhum sistema com essas potencialidades. É claro que disso emerge a questão de “Por que GURPS é tão pouco jogado, então?”. 

Bem essa é uma questão mais complexa e que demandaria outro texto que envolveria justamente discutir o marketing, o design dos produtos, a complexidade da mecânica, o público para o qual é voltado e o público que mais joga RPG, dentre outras minúcias mais ou menos prosaicas. Mas se você se interessou pelo sistema, através deste texto ou de outros milhares de similares, aproveite enquanto ainda temos exemplares do Módulo Básico no mercado e suplementos da 3e em sebos e livrarias especializadas. Como a Devir abandonou o sistema, em breve não se achará mais a não ser em PDFs e piratões virtuais.
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Arthur Rizzi Ribeiro

2 comentários:

  1. GURP foi o primeiro sistema que conheci de RPG, depois veio o Aventuras Fantásticas tanto os livros jogos como o RPG de mesa.

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  2. Então continua acompanhando brother, breve teremos mais coisa envolvendo GURPS e Aventuras Fantásticas (livros-jogos e RPG) ;)

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