Esta é uma história de Celso Alencar inspirado no Cenário "Crônicas de Serra do Lago/O Sopro".
Serra do Lago, 1998.
Os tênis afofados de Daniele pousam na fria grama do cemitério de Serra do Lago, logo após a loura pular um grandioso muro seguido de sua amiga, Marjourie.
Diferentemente da De La Viña, a descendente dos Alves, escorrega pelo concreto do muro com receio de tombar direto e por isso, termina sentada na grama e recostada em uma lápide.
Daniele com seus recém dezoito anos, colocou as mãos na frente do rosto e sorriu, para depois ajudar à amiga: — Eu não sou moleca como você, sua estúpida. — Marjourie reclamava baixo.
— O muro nem é tão alto — afirmava Dani. —, só caiu porque ficou com medo de cair. Igual em um paradoxo.
— A gente podia ter usado magia. — Marjourie aconselhava reclamando, enquanto elas desviavam de várias lápides desordenadas.
— Se usarmos magia assim, talvez sejamos detectadas. Marjourie, quem levou o Alan, era um bruxo poderoso.
A morena de longos cabelos baixou a cabeça para esconder o choro, mas uma claridade peculiar fez tanto ela, como Daniele, agirem rápido e se abaixarem atrás de duas lápides.
— Aqueles são... — a loura hesitou ao cochichar depois de olhar por cima da lápide, que estava agachada.
Oito pessoas, com túnicas beges se agrupavam diante de um altar, onde um garoto se rebatia. — Nossos brasões, nas roupas deles. — Dani concluiu voltando a se abaixar.
O garoto berrou pelos quatro cantos do cemitério e ambas as amigas arregalaram os olhos além de proferir em ordem unida: — Alan.
— Tudo bem Marjourie eu retiro o que disse, hora de usar magia e acabar com... — antes de abrir um frasco com água benta, Daniele teve a mão segurada pela a da amiga, que estava trêmula.
— Não podemos fazer isso. — balbuciou Marjourie, lacrimejando enquanto Alan gritava de dor sem nenhuma cerimônia.
— É o seu namorado e...
— Não. — Marjourie insistiu em interromper e segurar à amiga. — No melhor dos casos, se sairmos com vida, dentro de algumas semanas uma grande calamidade vai se espalhar por Serra do Lago.
— Do que você está falando? — Daniele perguntava e hesitava.
Alan gritava por socorro enquanto o ritual seguia, por de trás daquelas lápides: — É muita coisa para explicar, eu sei que ele é o meu namorado e não queria que fosse ele. Só que é preciso.
Pela primeira vez, os olhos de Daniele transmitiam medo, diante da mulher que até mesmo já lhe emprestou roupas. — É o mal necessário.
Naquele dia, Daniele sentiu que algo morreu dentro de Marjourie.
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