Arthur Ribeiro
Serra do Lago, 15 de Maio de 2006, 16:00.
A sala estava repleta de monitores, todos mostrando dados críticos. Em um deles, a transmissão ao vivo da cela esférica de Brooklet. Ele estava deitado, o olhar sereno, quase confiante. Uma dúvida perfurou a mente de Breen. "Seria tudo isso uma encenação?"
As palavras de Brooklet ecoavam na sua cabeça, como um espectro assombrando seus pensamentos: "Se você estivesse tão certa de sua vitória, não teria se dado ao trabalho de vir até aqui. Você não está me contando alguma coisa. E certamente isso te preocupa de algum modo."
Um arrepio subiu pela espinha de Breen. Determinada a confrontar seus medos, ela pegou o telefone e ligou para o Dr. Richard Montalban, um dos cientistas mais respeitados do departamento. "Encontre-me na sala de contenção da Hamington," disse, sua voz fria e resoluta.
Na Sala de Contenção da Hamington
A sala de contenção estava mergulhada em um silêncio quase reverente. O Dr. Montalban estava lá, ajustando os controles da máquina de escrever Hamington. O brilho pálido das telas criava sombras que dançavam nas paredes. "Doutora Breen," ele começou, hesitante, "não fizemos testes suficientes com a máquina. Ela só parece responder a um talento verdadeiro."
Breen respirou fundo, sentindo o peso do momento. "Ganhei o concurso de contos inspirados em Francis Scott Fitzgerald quando estava na faculdade," revelou, sua voz firme, mas carregada de memórias distantes.
Montalban olhou para ela, os olhos cheios de dúvida. "Muito bem," disse ele finalmente, "mas lembre-se, a máquina reage de maneira imprevisível. Se algo der errado, poderemos ter um problema ainda maior."
O último mover de peça:
Breen sentou-se diante da Hamington, a máquina de escrever que poderia ser sua salvação ou ruína. A intuição dizia que um avanço dos karpovitas contra a base seria uma armadilha. Chaya Sándor confiava em Ivan Petrov, mas o que ela não sabia era que ele era insano, paranoico, com uma mania de perseguição e traição. Esse era o ponto fraco que Breen precisava explorar.
Cada palavra que escrevia parecia ter um peso maior do que as anteriores. A luz azul fraca começou a emanar da Hamington, pulsando como um coração desesperado. As frases fluíam, tecendo uma narrativa que poderia mudar o curso dos eventos.
A luz azul da Hamington pulsava, iluminando o rosto de Breen enquanto ela digitava as últimas palavras. Sentia a tensão em cada músculo, mas também uma determinação feroz. Levantou-se lentamente, a luz diminuindo até desaparecer. As palavras no papel eram agora uma nova realidade, uma nova esperança.
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