Esta é uma história de Celso Alencar inspirado no Cenário "Crônicas de Serra do Lago/O Sopro".
Serra do Lago, 2007.
Um cemitério com muita lama e uma fina camada de chuva surgiu. Ao redor estavam inúmeras pessoas carregando tochas e no centro, o que seria um padre, com as mãos e pés pregados em um caixão que estava de pé.
— Jesuíta Agnes! — um dos homens lia uma carta. — Como se defende dos crimes de pedofilia e assassinato de vinte crianças, por beber seu sangue?
— Eu vou expurgar os fundadores de Serra do Lago e me deleitarei em cada gota de sangue deles que caminhar sobre a terra, até o fim dos tempos! — gritou Agnes encarando seus julgadores, com muito ódio.
O carrasco fechou o caixão e depois empurrou ao buraco, para que sete palmos de terra fossem despejados, sobre ele. Só depois de ler isso, Giulia fechou o livro da biblioteca de Guilhermina e saiu correndo.
— Gente! — a garota abriu a porta do quarto de Marisa, onde estavam à própria, Helena e Alexandra. — Eu descobri quem ele é?
— Ele quem? — perguntou Helena, ainda penteando o cabelo.
— O vampiro que você lutou contra, viveu aqui, uns duzentos anos atrás. — enquanto Giulia contava, Marisa olhava fixamente para as suas próprias mãos, como que se buscasse uma solução.
Se vocês tivessem se manifestado um pouco antes, eu não...
— Tem alguém ai? — Alexandra perguntou entrando no campo de visão de Marisa e a fazendo interromper seus próprios pensamentos.
— Eu sei que falar de vampiros é legal, mas vamos perder a festa. Será que só por uma noite podemos relaxar? — agora a ginasta perguntava a todas as presentes naquele quarto.
Quase não tem água benta, acho que dá para mais uma.
— Agora é a outra irmã! — Alexandra reclamava de Helena perdida nos pensamentos. — Vamos nos atrasar, por favor.
Enquanto isso, nos fundos da igreja de Serra do Lago, o padre e seus três comparsas faziam uma espécie de ritual sombrio com sacrifício de três animais e uma mulher.
— Que a verdadeira herdeira dos Costa nos fale, por este cadáver.
— Um padre? — a voz de Majourie ecoou pela boca ensanguentada da morta e os três quase hesitaram. — Profanando sua igreja?
— O que está profanado são as famílias fundadoras, a começar pela sua. Sua mãe adotou uma criança e revelou seus segredos.
Afirmou o homem de fé, até que a entidade perguntou com certa raiva na voz: — Quem é você, bastardo?
— Um padre. Que quer ver as elites, puras, como devem ser.
Música alta e luzes brilhantes refletiam nos rostos de Helena, Alexandra, Marisa, Giulia e inúmeros convidados da festa. Até que o corpo de uma adolescente tombou pelas escadas.
A menina estava morta e ao terminar de cair uma correria e gritaria começaram: — Esperem. — pediu Helena segurando sua irmã e amigas.
As quatro se viram sozinhas e acima da escada, um homem descalço flutuava enquanto as olhava, era Agnes, o vampiro que desta vez esbanjava uma invejável vitalidade.
— Giulia e Alexandra. — Helena chamava ao mesmo tempo em que evocava sua espada da luz e esvaziava um cantil. — Liguem as lanternas de todos os carros custe o que custar.
— Ta preocupada...
— Marisa! — gritou a irmã. — Desliga as luzes da festa.
— Eu me lembro de você, desta vez essa magia não conseguirá te salvar das minhas presas. — afirmou o vampiro ao ver as garotas se dispersarem e instintivamente, ele jogou Helena contra uma porta de vidro, com telecinese.
Espero que saiba o que está fazendo. — pensou Marisa com um pedaço de papel na mão. — Geist. — proferiu e todas as luzes da festa se apagaram, mas o vampiro gargalhou.
— Não adianta! — gritou Agnes. — Essa coisa espalhafatosa te ilumina, como um lampião. — ele flutuava lentamente na direção da loura, que ainda se levantava.
— Para quem ficou duzentos anos em uma caixa, você é bem arrogante. O mundo mudou bastante, sabia? — Helena perguntava sorrindo para o monstro em sua frente.
— Do que você está falando? — indagou o vampiro percebendo a confiança da lourinha e pela primeira vez hesitando.
Helena diabolicamente gargalhou para irritar seu adversário, antes de responder: — Existe uma época do ano em que o sol nasce antes da hora, um conhecimento que você desconhece. O horário de verão!
Com a magia Geist, de Giulia e Alexandra os faróis de sete carros foram ligados diretamente na direção de onde Agnes estava e enquanto Helena gargalhava igual uma bruxa, o vampiro recolhia-se da luz temendo o fim de sua existência.
— Você é mesmo um gênio! — Marisa elogiava a irmã, colocando os óculos escuros sobre os olhos para se proteger de toda a claridade.
Helena corria na direção do vampiro, aquela era a brecha que ela estava esperando e empunhando sua espada de luz branca, armou um derradeiro golpe que precisaria ser certeiro.
Essa luz! — pensou o vampiro. — Não queima! — gritou conseguindo desviar do ataque da loura, mas ainda assim, seu braço esquerdo foi cortado pela metade e tombou a esquerda de Helena.
— Merda! — praguejou a bruxa quando se virava para trás e tinha a visão prejudicada pela luz das lanternas dos carros. — Geis...
Com a mão que ainda lhe restava, Agnes segurou a boca de Helena e a pressionou contra a parede com uma força considerável.
— Foi um belo truque — elogiava o vampiro. —, mas se não puder falar essa palavra, nada irá acontecer e aquelas outras já usaram esse mesmo poder! Acabou pequena!
— Irmã... — Marisa hesitava ao ver a espada de luz no chão e os caninos pronunciados de Agnes se aproximando do pescoço de Helena.
Não precisa terminar assim... — a voz da falecida irmã de Marisa, ecoava em sua mente, enquanto a vida da adotiva estava prestes a ser ceifada. — Com estes poderes, você poderia tê-lo salvado, assim como pode agora. Apenas liberte o seu poder.
Marisa ergueu as mãos na direção do vampiro e berrou como nunca antes na vida, no momento que lágrimas, decorriam por baixo dos seus óculos. A telecinese foi tão poderosa que Agnes largou Helena e começou a flutuar contra a sua vontade.
— Essa magia bruta... — assim que Marisa deu outro grito imoral, Agnes foi interrompido, já que seu corpo explodiu por conta da pressão que o poder da bruxa exerceu.
Helena arregalou os seus olhos azuis ao ver a irmã tombar exausta, depois do inimigo ter sido completamente aniquilado. Agnes, não passava de uma poça de sangue no assoalho daquela casa.
Continua...
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