Esta é uma história de Celso Alencar inspirado no Cenário "Crônicas de Serra do Lago/O Sopro".
Serra do Lago, 2007.
— Não estou entendendo — falava um homem olhando para uma adolescente loura, que estava amarrada dos pés, até os ombros. —, se a Guilhermina só tem uma filha viva, quem é você?
— A filha dela. — Helena respondia, com certo tom de sarcasmo, enquanto seus olhos azuis passeavam pelo interior da ambulância que os bandidos roubaram despercebidamente.
— Essa cachorra está tirando comigo! — ele reclamava, para os seus dois comparsas que estavam na frente, enquanto o veículo rumava para fora de Serra do Lago.
Preciso descobrir o que eles querem com a Marisa. — Helena pensava observando tudo a sua volta.
— Se ela está falando que é filha, vamos só pedir o resgate e ficar ricos, se não desovamos ela em algum lugar.
— Ouviu? — perguntou o sequestrador que estava na parte de trás, com a herdeira de Guilhermina. — Você vai nos deixar rica!
— Geist. — em um alemão perfeito, a loura balbuciou ativando uma magia que simplesmente afrouxou suas amarras de tal forma que ela fosse liberta e se levantasse.
O bandido estava incrédulo, mas arregalou os olhos ao vê-la abrir um cantil de água e simplesmente, criar uma espada de luz incandescente, que até mesmo emitia calor.
Helena aproveitou a hesitação do homem e o decapitou com um único golpe, foi então que o motorista e o carona viram-na pelo retrovisor central: — Que porra é essa?! — gritou girando o volante.
A ambulância derrapou, porém a garotinha conseguiu com certa dificuldade dar estocadas com a sua arma de luz nas nucas dos seqüestradores, enquanto transpassava os acentos do carona e motorista.
— Merda! — Helena exclamou agarrando-se a uma maca, que saiu porta a fora, enquanto o veículo despencava por um desfiladeiro.
A menina rolou pela grama, o gosto de terra molhada se misturava com o salgado de seu próprio sangue em sua boca, depois de morder a língua e enfim. Helena desmaiou.
Estas eram as últimas lembranças, antes de despertar em uma cama humilde, dentro de um quarto de paredes imundas e com um cão lambendo seu rosto.
Amistosamente, ela afastou o cachorro de si, ergueu-se e mesmo descalça passou por uma cortina que estava no lugar da porta.
— Mamãe, ela acordou! — uma menina, menor que a própria Helena, puxava a longa saia de uma mulher gorda.
— Querida, está com fome? — Helena assentiu com a cabeça depois de ouvir e ela apenas devorava o que aquela pobre mulher lhe oferecia, com a maior felicidade do mundo.
— Meu marido te achou desmaiada na floresta — contava a dona da casa. —, falando nele. — um homem de um vasto bigode, adentrou o recinto, com uma espingarda em mãos.
— Aquele Chupa cabra matou outra vaca, se continuar assim, vamos perder tudo. — reclamou ele, sequer notando Helena.
— Senhor. — Helena o chamou. — Obrigada por me ajudar, eu conheço uma pessoa que pode fazer algo por você e ela, vai me levar para casa, também.
— Me ajudar? Quem seria? — a menina estranhou o sarcasmo, afinal aquele era definitivamente um homem rústico.
— Um policial, só preciso de...
As gargalhadas do homem interromperam a sugestão de Helena, até que ele disse: — Agradeço sua boa vontade, mas os guardinhas de Serra do Lago nunca fazem ronda por aqui e já vai anoitecer.
— Confia em mim — pediu a menina. —, este virá.
Continua...
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