Como quem acompanha o blog já está ciente, nosso grupo de RPG tem seu próprio cenário de campanha que vocês podem encontrar e baixar aqui. Para progredir na nossa campanha e história, estamos divulgando um novo personagem do cenário que pode ser usado por qualquer um que desejar.
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Prólogo:
Após os eventos da Entropia, Valentinus unificou os fiéis aslameristas dentro da Assembléia Universal dos Fiéis da Virtude, tornando-a Assembléia Universal dos Fiéis do Autor. O autorianismo de Aslameru Ichté adotado por ele como sendo compatível com a fé ancestral nunca foi bem aceita pelos clérigos conservadores, pois ele destrói o dualismo fundamental da fé ancestral. Por outro lado, era inegável que Aslameru era um ser extraplanar de poderes muito além da compreensão.
Após declarar monocraticamente a compatibilidade entre o aslamerismo e a fé ancestral, Valentinus propôs que os teólogos começassem a pesquisar as ligações existentes entre uma e outra na forma de aparar as arestas entre os dois credos.
Tomis de Merchantry - 217 d.c
A crise teológica e religiosa gerada pela decisão monocrática de Valentinus só cresce ao longo dos anos, e a Assembléia Universal dos Fiéis do Autor encontra-se a beira de um cisma entre os elfos conservadores e aristocráticos que mantém a crença na fé ancestral; e os elfos e demais raças que optaram por abraçar os aslamerismo.
Por volta de 216 a crise começa a ganha também contornos raciais, uma vez que a figura tradicional e folclórica do sacerdote da virtude sempre fora a imagem de um elfo. Tanto que a maioria dos clérigos da virtude são elfos. Contudo, desde que Valentinus, um meio-elfo chegou ao cargo máximo de mestre da Assembléia, espécies não-élficas como humanos e até alguns anões, decidiram adentrar a carreira sacerdotal.
Com a ascenção do aslamerismo, que cresceu especialmente entre as raças não élficas e, ainda mais especialmente entre os humanos, o número de clérigos não-élficos começou a crescer exponencialmente, de modo que basicamente ser um clérigo não elfo é quase o mesmo que se aslamerista. Desta forma, a crise teológica basicamente está amarrada a uma crise racial.
E é no ano de 217 que essa crise chega ao seu ápice quando o jovem teólogo Tomis, um humano nascido em Merchantry, publica seu primeiro tratado teológico tentando solucionar a crise teológica e unificar de modo mais eficiente religião ancestral e aslamerismo.
Partindo das conclusões de Valentinus, de que a Virtude era apenas uma propriedade do Autor, Tomis propõe o que ele chama de emanacionismo. A idéia central é que o mundo teria sido criado pelo autor por meio de emanações de sua própria natureza. De modo que a natureza do autor se divide em três camadas (ou emanações).
1- A razão supra-racional - Para Tomis, essa é a essência do autor, a parte mais pura e a mais incompreensível dele. a "razão por detrás do cosmos" seria um ser onipotente, onipresente e onisciente que detém uma personalidade e uma racionalidade reais, mas que estão para além da compreensão racional dos seres mortais. Esta só poderia ser conhecida por meio de algum tipo de ascese mística que depende mais da vontade do Autor em se autorrevelar do que de alguma técnica específica de meditação. Para Tomis esse é o deus-puro, sua natureza mais profunda e específica.
2- A Virtude - Para Tomis, a segunda emanação coincide com o poder e o ato criador, é a face racional que podemos conhecer pela tradição ancestral e pela razão natural. A virtude é quem faz a ponte entre "a razão supra-racional por detrás do cosmos" e a existência física e material do mundo. Assim, cultuar a Virtude é cultuar o Autor através da face através da qual ele escolheu se revelar aos mortais.
3- A Imanência - É a emanação mais baixa e acessível do Autor, que é o próprio cosmos, a própria existência material, o mundo e os animais incluso. A Imanência é um pedaço da razão supra-racional do Autor que se manifesta através das leis da física e da magia e que pode ou não, a depender dos designios insondáveis do Autor, se manifestar de forma pessoal ou não.
Valentinus, pessoalmente, apreciou a teologia de Tomis, entretanto não chegou ainda a proclamá-la formalmente como a nova teologia a ser seguida. Todavia, o impacto que ela causou entre os clérigos novos e os mais conservadores foi muito grande. Se por um lado essa teologia resolve de maneira satisfatória a total independência entre o mundo e o Autor proposta por Valentinus, através do emanacionismo, por outro lado ela não resolve o problema do bi-teísmo dualista vs. monoteísmo monista. Os elfos conservadores até aceitam a interpretação dos clérigos aslameristas de que a Virtude seria um aspecto ou um segundo nome do Autor, no entanto defendem também a tese de que no Autor existe também o Vício como sua propriedade, e que esta deve se equilibrar com a Virtude.
A fé ancestral sempre acreditou que Vício e Virtude são dois polos de mesmo poder e de existência real que deveriam se equilibrar para que a vontade dos deuses se cumpram. Daí o bi-teísmo dualista.
Para o aslamerismo, assim como para o autorianismo dos Halflings, há um monoteísmo monista, no qual o Vício é apenas o que sobra quando os seres renegam a Virtude e se afastam do Autor, como ocorreu com Toball e outros extra-planares malignos. Assim, para o aslamerismo o mal não deve ser tolerado e nem equilibrado com o bem, mas combatido até o seu fim. A resolução desse conflito parece ainda bem distante de uma solução teológica que consiga conciliar a todos.
Como sendo um clérigo jovem, mas de notável inteligência, Tomis de Merchantry não se destaca pleo seu poder mágico mas sim pela sua capacidade de resolver problemas lógicos e teológicos capazes de despertar o respeito e a admiração até de sábios halflings como Peeka-peer e da maga Ária da Universidade Arcana de Ática.