quinta-feira, 26 de março de 2020


Ato I
Um encontro inesperado




O sol nem bem começava a espalhar sua luz escaldante pela planície poeirenta, Xao Ming e Luke Jackson já se encontram sobre a sela cavalgando em direção ao forte abandonado nas cercanias de Great Falls City.
Devemos tomar o caminho do desfiladeiro, caso contrário iremos levar um dia inteiro para cortar toda a extensão da planície até o forte – retruca Luke.
Não me sinto à vontade enclausurado entre duas paredes de pedra Luke - diz o oriental -  podemos ser alvo fácil de uma emboscada, embora seja obrigado a concordar com você, se tomarmos a planície é bem provável que a velha ave carniceira já tenha dado cabo da garota, que diabos, não temos opção; tomemos então o caminho do desfiladeiro, mantenha a atenção dobrada.
É possível ouvir o som do vento e a tensão das mãos de Luke, uma nas rédeas de seu andaluz e outra no cabo da colt 45, tão logo adentram a garganta do desfiladeiro uma ventania sopra uma grande quantidade de poeira sobre os cavaleiros, Ming faz um sinal para que detenham a cavalgada, é impossível enxergar; no momento em que param, a tensão aumenta ainda mais. A poeira começa a baixar e lá vão eles novamente, nesse período do ano a região se torna seca como os ossos de um velho bisão morto a décadas.
Ming conhece pouco a região, mas já ouviu relatos de índios que colecionam cabeças, e também ouviu os velhos mitos de escorpiões do tamanho de um pangaré, ele não sabe ao certo se tem mais medo de perder a cabeça ou encontrar com uma fera dessas.
A cavalgada segue seu ritmo sem interferências, e não demora muito eles já conseguem ver a saída do desfiladeiro, algumas rochas espalhadas fazem com que tenham que imprimir um certo zigue-zague pelo caminho. Sem o menor aviso um estampido arremessa o chapéu de Luke ao ar.
ABAIXE-SE EMBOSCADA! – grita Xao Ming. O som de tiros logo enche o ar, mas estranhamente os dois amigos não são o alvo, eles deixam os cavalos dentro do desfiladeiro e se arrastam até quase a saída para então verem uma escaramuça entre um grupo de cinco índios, dois armados com rifles Henry White Finish e os outros usando seus arcos e as malditas flechas. O alvo deles parece ser um velho soldado.
- Xao, deveríamos ajudar o velho homem, afinal parece que o pobre caiu numa emboscada como nós temíamos cair.
Vamos precisar nos aproximar meu caro, você dispõe de uma colt 45 mas eu só tenho uma velha Derringer e meus punhos, façamos o seguinte; eu vou me arrastar até aquela rocha lá na frente e você me dá cobertura. Combinado, retruca o americano.
O velho soldado apesar de emboscado não parece cair em desespero, ele procura um local onde possa se abrigar dos ataques e tão logo se esconde atrás de uma rocha saca sua colt Peacemaker e começa a distribuir o castigo devido. Num primeiro lance o velho homem derruba os dois índios armados com rifle, o som da colt 45 de Luke chama a atenção do velho soldado assim que a bala atinge o ombro de outro índio, e antes que o desafortunado possa sequer reclamar, Xao estoura seus miolos com a Derringer quase junto ao ouvido do pele vermelha.
Apesar de aparentar idade o velho homem se movimenta habilmente pelo campo de batalha, tão rápido que quando enfim os dois companheiros conseguem chegar próximo, ele já está com a bota sobre a garganta do último idiota que resolveu atacá-lo. O velho meneia a cabeça em direção aos dois homens que o ajudaram.
Tudo bem com o senhor? – pergunta Luke.
O velho soldado só balança a cabeça que sim, o chapéu ainda lhe cobre os olhos, só é possível ver sua longa barba branca e um cachimbo com o fornilho a reluzir acesso sob as sombras que a aba do chapéu formam sobre sua face.
O índio já gorgoleja sangue no desespero da morte que logo virá.
Qual o seu nome meu bom homem? – Xao Ming questiona.
Antes que o velho possa sequer demonstrar que irá responder, o índio com o resto de fôlego que tem, temperado ao sangue que se acumula em sua garganta responde de forma gutural.
- Esse é o miserável "Devil" Ben Daniel.
Um estouro, e o cheiro de pólvora e sangue dão agora o tom do aroma no ar.
- Bom dia jovens, estou em debito com vocês agora.


 


 Obs: Esse é o primeiro capítulo de Crônicas do Velho Oeste

Silas Alves



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